Os motivos nossos de cada dia




Todas as manhãs nos acordamos por motivos diversos; o primeiro deles: estamos vivos e a máquina humana desperta após o descanso. Muitos de nós chegamos neste próximo momento que é ir ao trabalho como forma de sobreviver. As necessidades da base da pirâmide de Maslow. 
Contudo pergunto; "Onde mais queremos chegar com nossos trabalhos?"
É desta necessidade de auto-realização que está no topo da pirâmide que começo aqui a questionar. Acredito no processo identificação e admiração que despertamos como profissionais entre nossos pares, mas, além disto, acredito na condição humana de contribuir ou compartilhar fraternalmente com o semelhante seus conhecimentos e capacidades.
As condições de desenvolvimento sócio afetivo das pessoas são diferentes, em nossos trabalhos. Encontramos pessoas em vários níveis de desenvolvimento pessoal. Muitas delas estão em situações de retração e temor em relação a garantir seu status quo e não preocupadas em sinergia ou sentimentos coletivos.
O resultado disto, é um mal estar geral: todos perdem. O círculo é vicioso e não virtuoso. Perde a equipe porque há pouca lealdade entre os membros, perde quem usa o serviço ou compra o produto daquela empresa ou instituição porque paga por algo que não é integro em suas várias esferas de qualidade.
Ser sustentável incluí a esfera do bem estar humano, algo que deixamos de lado nas pesquisas de qualidade. Porém, como gestora de processos percebi as quebras na melhoria de qualidade em atendimento, na relação de confiança entre clientes e empresa por esta razão. A perda maior, penso, tratava-se da saúde das relações humanas nas empresas. Muitas situações internas eram fundadas na raiva, no sentimento destrutivo e na sabotagem entre os indivíduos. No livro "A loucura do Trabalho", Dejours (1992), pontua que o sofrimento mental resulta da organização do trabalho, entendendo por organização no trabalho:
“Por organização no trabalho designamos a divisão do trabalho, o conteúdo da tarefa, (na medida em que dela deriva), o sistema hierárquico, as relações de poder, as necessidades de comando, as questões de responsabilidade, etc.” (1992: p 25)
A desestruturação das relações afetivas no trabalho tem como conseqüência o surgimento da ansiedade (DEJOURS, 1992). O encorajamento aos trabalhadores para que comentem seus problemas materiais, afetivos, familiares, etc., são ferramentas usadas pela supervisão como meios de manipulação e não reconhecimento do indivíduo. Por outro lado, ligações espontâneas e verdadeiramente afetivas, não são observadas como positivas. O ambiente produz então uma manipulação psicológica que gera no indivíduo e coletivamente uma sensação de ameaça e competição constantes. As discussões sobre o poder perdem força na verticalidade. A ameaça vem do colega ou igual e não das relações de poder e exploração produzidas no ambiente organizacional. As mulheres são, geralmente, vítimas mais comuns deste tipo de estrutura emocional nociva.
As soluções para este problema, sem dúvida, precisam de tempo e empenho por parte dos diretores e gestores no regaste da identidade de suas equipes ou mesmo na Formação de suas equipes. Fica a dica; pensar nas relações de saúde mental e integração de equipes de trabalho como geradoras de sustentabilidade nas empresas.

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