Sobre a vaidade dos julgamentos



O tema de hoje refere-se aos julgamentos prévios que fazemos dos outros. O mito de Narciso; contado por Ovídeo, é uma boa paráfrase para ilustrar este artigo.
Narciso é filho de Céfiso com a ninfa Liríope. Nasceu com extraordinária beleza. O que deixou sua mãe muito preocupada com seu destino. Liríope pergunta ao oráculo se o filho teria vida longa. A resposta é; “Sim; somente se não conhecer-se.” Narciso passa sua juventude causando impacto e paixões em outros seres; porém, jamais retribui. Até conhecer Eco, castigada por Hera, incapaz de expressar seu amor por Narciso porque apenas repetia as últimas palavras daquilo que ouvia. Narciso a repele e a mesma transformar-se em pedra no fundo de uma caverna. Narciso já havia rejeitado muitas vezes o amor com frieza; então, condenado por Eros, ao ver sua imagem refletida no espelho, apaixona-se por sua extraordinária beleza. Contudo, descobre que o ser que é alvo de seu amor é ele próprio, morrendo a beira do rio Styx.
Que lições aprenderam com o mito de Narciso?
A inflamação do ego. O ego significa amor a si mesmo, àquilo que sou e penso bem como a formação de nossa identidade. Formamos nossa identidade nas relações com os demais. O outro que nos cerca e com o qual nos relacionamos contribuí para nosso processo de construção interior e exterior. A questão é quando nos confundimos com nosso reflexo neste outro, ou seja, quando impomos ao outro àquilo que julgamos ser certo. A vaidade é uma consequência negativa disto. A relação não é mais de troca ou soma. O problema é não enxergar mais além de si mesmo.
Julgamos a partir deste momento pelas aparências e inferimos nossas opiniões a partir do que pensamos; sem perceber que há algo a mais naquele outra pessoa com a qual nos deparamos. Nas relações de trabalho, muitas vezes, a vaidade pauta todas as decisões ou na sua maioria. Amar a si mesmo é, de fato, importante para nossa autoestima e autoconceito. Aceitar nossas raízes e nossa cultura, aprendizagens, enfim, nossa bagagem é essencial. A doença emocional é não aceitar o que é do outro. O centro das concepções e decisões é apenas o nosso ego.
Reflita comigo;
  1. Você passa muito tempo tentando convencer os demais concordarem com suas opiniões?
  2. Você perde muito tempo em queixumes sobre a falta de consideração que lhe dão?
  3. Você comenta a respeito de outras pessoas e seu estilo de vida negativamente com certa frequência?
  4. O valor das coisas está mais no material e nas aparências do que nas pessoas?
  5. Se alguém está em uma situação ou condição inferior geralmente você não considera seus pensamentos ou atitudes?
Conforme suas respostas é o momento de questionar sobre seu narcisismo ou “egoísmo”. Por que refletir? Infelizmente o mito nos alerta para a morte do personagem Narciso. Assim podemos comparar à vida. Mas, a morte aqui é espiritual, para a essência do humano e as relações de afeto. A tristeza e o ostracismo consequência de não ter amigos e parceiros verdadeiros. O apego ao material e às aparências. Pense nisto! Até a próxima.

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